Em 2017, a união de pessoas com o sonho de transformar a saúde suplementar do Brasil possibilitou a criação da Hospital Care S.A. Por quase 2 anos, o time da Crescera Capital, uma gestora de private equity independente com mais de R$ 5,2 bilhões sob gestão, avaliou diversas alternativas para o desenvolvimento de um sistema de saúde mais sustentável que pudesse gerar maior acesso de pessoas a serviços de alta qualidade. Em conjunto com o atual CEO da Companhia, o Sr. Rogério Melzi, a Crescera Capital uniu esforços com o Sr. Elie Horn e o Sr. Julio Bozano com o objetivo de criar uma empresa de serviços de saúde suportada por um grupo com condições de enfrentar os desafios que se avizinhavam, e ao mesmo tempo, aproveitar as oportunidades que se abriam no segmento privado brasileiro.
O conceito original foi de investir em cidades e regiões que ainda não eram alvo de maior competição por ativos de saúde, com destaque para o Interior de São Paulo, Sul de Minas, Centro-Oeste, e Sul do Brasil. Ao mesmo tempo, a Companhia tomou a decisão de investir prioritariamente em marcas consideradas “upscale” nessas regiões, com o objetivo de se posicionar de forma distinta das empresas que buscavam atender os mercados de mais baixa renda através de estratégias de verticalização. A abordagem atual contempla a montagem de redes completas de serviços de saúde nas regiões-alvo da Companhia, a partir da aquisição de um hospital privado de alta complexidade (“terciário”, no jargão da saúde), cuja marca esteja entre as principais marcas consideradas pelos segmentos alvo da região, e da subsequente expansão de forma orgânica e inorgânica para acrescentar serviços de natureza secundária (como clínicas, hospitais-dia, operações de diagnóstico, centros de especialidade, etc.) e primária (Centros Médicos, Ambulatórios, Centros de Atenção Primária, etc.). Chamamos cada uma dessas regiões de “Hubs”, para fazer alusão aos sistemas de “Hubs e Satélites”. Assim, temos um hospital de alta complexidade no centro do Hub, conectado com diversos ativos de complexidades, vocações, e localizações diferentes.
Uma vez montada a rede completa de saúde, é possível para a Companhia trabalhar em conjunto com operadoras de saúde locais, regionais, ou nacionais, para a montagem de planos de saúde que buscam reduzir os níveis de desperdício e ao mesmo tempo aumentar os padrões de qualidade (“desfecho”, no jargão médico), elevar a satisfação dos clientes, reduzir os custos e a chamada “inflação da saúde”, e assim aumentar o market share e ainda ampliar o acesso da população aos serviços de saúde prestados. Idealizamos e criamos uma empresa de saúde que gostamos de definir como um “ecossistema nacional de ecossistemas regionais”. Ao integrar essas redes em sistemas regionais, permitimos que nossos pacientes sejam atendidos na hora certa, no lugar certo, e ao custo certo, contribuindo assim para a formação de um sistema de saúde mais sustentável, e gerando maior acesso das pessoas aos nossos serviços de alta qualidade.
Nossa entrada em Campinas através do Hospital Vera Cruz, com mais de 75 anos de atuação, acelerou sobremaneira a nossa percepção sobre o setor. Logo ficou claro que o sistema atual, com pouca colaboração entre as partes e modelos de precificação e pagamento baseados no uso de insumos e não no desfecho dos tratamentos, gerava desperdícios relevantes, aumentando assim o custo da prestação dos serviços e gerando a conhecida “inflação médica” para empresas e pessoas físicas compradoras de apólices.
Ainda nos primórdios da Companhia, criamos uma figura que passamos mais tarde a tratar por “bússola”, e que captura com exatidão o modelo que viríamos a adotar como base da nossa estratégia. Assim, nosso logotipo é uma ilustração com dois corações entrelaçados (ilustrando os dois significados da palavra “care” em português, “cuidar” e “se importar”), resultando no formato de uma cruz, com nossa empresa e nossos parceiros no centro, e com nossos 4 principais públicos de interesse no entorno: nossas equipes médicas, nossas Fontes Pagadoras, nossos Investidores / Acionistas, e nossos Pacientes e suas famílias (não por acaso, esses aparecem no topo da figura). A partir desse momento, estava claro para todos os participantes da Companhia que nosso modelo, e consequentemente todas as nossas decisões, deveriam buscar equilibrar os interesses de todas as partes. Muito importante frisar que nossa estratégia não é verticalizar as operações nas regiões onde atuamos. Ao contrário, a ideia é partir de um parceiro de renome local (ou um grupo de médicos, geralmente sócios dos hospitais que adquirimos e nos associamos na entrada), e através do networking desse(s) parceiro(s), montar nosso ecossistema dando sempre preferência a outros nomes fortes locais.
Não por acaso, adotamos como lema da Companhia a frase “Parcerias por Toda a Vida”. Uma vez parceiros de diversos ativos nas regiões-alvo, passamos a reorganizar a jornada do paciente seguindo a metodologia da Excella (vide próxima sessão), de forma a podermos oferecer a TODAS as fontes pagadoras que se interessarem, um portfólio completo de serviços de saúde, calcado em uma marca forte no cenário regional, e disposta a utilizar mecanismos de alinhamento de interesse mais sofisticados do que os atualmente utilizados pelo sistema tradicional. Trata-se de uma solução agregadora, onde todos ganham, mas que ganha mais é o nosso usuário final, o paciente, agora capaz de ter acesso aos melhores sistemas de saúde da sua região.
Segundo o IESS (Instituto de Estudos de Saúde Suplementar), em 2017, quase R$28 bilhões dos gastos das operadoras de planos de saúde (19,1% das despesas assistenciais) do Brasil com contas hospitalares e exames foram consumidos indevidamente por fraudes e desperdícios com procedimentos desnecessários. Esse consumo indevido compromete fortemente a qualidade da assistência, as finanças do setor e, por consequência, onera os contratantes de planos de saúde e seus beneficiários. O desalinhamento de interesses entre provedores e fontes pagadoras no modelo tradicional resulta em variações não justificadas ao longo da cadeia de valor. Com o desafio de alinhar os incentivos entre as fontes pagadoras e prestadores de serviços de saúde, nós criamos a Excella em 2017. Sob a Gestão do Dr. Fábio Gonçalves, nossa operadora própria em Campinas desenvolveu e implementou práticas inovadoras junto ao nosso ecossistema regional, gerando resultados iniciais muito interessantes. As atividades da Excella estão contidas dentro da filosofia de “Valor” e “Acesso”. Ou seja, acreditamos que a criação de valor facilitará operadoras nacionais e regionais de planos de saúde a desenvolver produtos mais competitivos e personalizados, tendo os Hubs da Companhia como sua rede preferencial de prestadores, permitindo que maiores volumes de beneficiários acessem nossos serviços e tecnologias de saúde baseados no melhor conhecimento científico existente.
A Excella vai atuar junto aos nossos ecossistemas de saúde regionais combatendo a chamada “variação não justificada”, que representa uma variação em receitas, custos e/ou protocolos de prática médica que não são justificados por doença, necessidade médica ou baseadas em evidências. Seu objetivo é ajudar todos nossos ativos da Companhia a (i) desenvolver estratégias e iniciativas inovadoras de acesso à prestadores de serviços de saúde e à tecnologias médicas; (ii) direcionar hospitais, médicos e planos de saúde para modelos de remuneração orientados para a otimização da gestão da saúde populacional; (iii) desenvolver modelos integrados de prestação de cuidados em saúde, alinhando os 3 níveis de atenção à saúde (primário, secundário e terciário), com foco na jornada do paciente, para operacionalização da ACO (Accountable Care Organization), Linhas de Cuidado e Unidades de Prática Integrada, e (iv) desenvolver plataforma de monitoramento de indicadores populacionais e desfechos que realmente importam para os pacientes, permitindo o monitoramento e analise da efetividade comparativa da rede dos prestadores. Frente a evolução do mercado de saúde internacional e nacional por soluções digitais, a Excella assinou uma Joint Venture com a Semantix, empresa de análise de dados (data analytics) líder em seu seguimento (o fechamento da transação depende da aprovação do CADE). O objetivo é desenvolver e escalar soluções digitais para acelerar a agenda de valor no país, aprimorando e analisando a prestação de contas com base em desfechos clínicos e custos do cuidado, e criando automação inteligente para avaliar e alcançar os beneficiários de um portfólio, fazendo com que cada beneficiário receba atendimento adequado (preventivo, crônico e agudo).
Uma vez comprovada a criação de valor para os nossos Hubs e também para as fontes pagadoras, a Excella pretende monetizar seus serviços através de receitas recorrentes baseadas na performance, compartilhando, assim, um risco que era estava ancorado previamente apenas nas fontes pagadoras ou nos prestadores. Acreditamos que nosso modelo gera uma qualidade de cuidado superior para o paciente, uma redução significativa de custos assistenciais desnecessários e, consequentemente, nos permite capturar e monetizar parte das eficiências geradas que antes eram deixadas de lado no mercado.